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O Artista Amílcar de Castro

Amílcar de Castro – escultor, desenhista, programador gráfico e integrante do movimento abstrato e neoconcreto – nasceu em 8 de junho de 1920, em Paraisópolis, Minas Gerais. Em 1924, mudou-se de Paraisópolis para Jacutinga e, posteriormente, para Ipanema, Pitangui e Juiz de Fora, todas cidades mineiras, tendo permanecido nessa última, com a família, até 1934, mudando-se para Belo Horizonte após esta data. Em Belo Horizonte, formou-se em Direito e começou a advogar. Insatisfeito com a profissão, em 1953, mudou-se para o Rio de Janeiro com sua esposa, D. Hercília Caldeira Garcia. Foi no Rio de Janeiro que ele, segundo o próprio artista, começou a fazer experiências com chapas. Por duas vezes Amílcar de Castro ganhou a bolsa da Fundação Guggenheim, fato que o obrigou a se mudar para os Estados Unidos. Em 1971, ao regressar ao Brasil, Amílcar resolveu ficar em Belo Horizonte, cidade onde residiu até o seu falecimento, em 22 de novembro de 2002. O trabalho do artista foi muito influenciado por Guignard, seu mestre e, posteriormente, amigo. Guignard visava aprimorar o traço do aluno. O desenho era feito com lápis tão duro que marcava o papel, não permitindo correções, justificando, assim, a precisão que caracteriza a obra do artista.

OBRAS DE AMÍLCAR EM PARAISÓPOLIS

As esculturas datam do segundo quartel do século XX, onde o estilo do artista está claramente traduzido. Assim como a maioria de suas esculturas, estas apresentam grande simplicidade, os adornos não fazem parte de seu estilo. Seguem o estilo neoconcreto, evidenciando nas formas geométricas bem demarcadas e na valorização da expressividade do material.

As obras de Amílcar de Castro revelam uma identidade cunhada pelo desenho e pelo fascínio das dimensionalidades. Suas esculturas são simplificadas ao mínimo, não sendo adepto ao adorno. Segundo o artista, “o que está feito está feito, não tem volta, não pode ser consertado”.

Em Paraisópolis, cidade onde o artista nasceu, mais especificamente no Centro Cultural e Educacional Amílcar de Castro e na Prefeitura Municipal, há pouco mais de 22 obras esculpidas em aço.

A sua obra mais famosa, de maior dimensão, mede 250 cm de altura, 220 cm de profundidade e 250 cm de largura. Pesa aproximadamente duas toneladas e meia. Sua forma é obtida a partir de um paralelogramo com 250 cm de base e 250 cm de altura, cortado com maçarico e depois dobrado. A parte dobrada, em ângulo pouco maior que 90 graus, fica apoiada no solo, obrigando o restante da peça a ficar no sentido vertical, formando um ângulo de 90 graus com o chão.

O desenho foi a preparação para o encontro com a tridimensionalidade, uma descoberta espacial, e também o encontro consigo mesmo. A dobra de Amílcar de Castro não permitia a presença do erro, pois o que evocava, mesmo com a participação do erro, era obra inaugural, imprevista. O gesto que resultava no imprevisto absorvia o que poderia ser um equívoco e o transformava em elemento constitutivo do processo criativo. O erro virava, dentro de sua poética escultórica, anagrama do ferro.

A escultura doada por Amílcar ao Centro Educacional e Cultural, foi fabricada em Santa Luzia, pela empresa MIL (Montagem de Indústria Ltda.), sendo o engenheiro Alem Roscoe o responsável técnico pela execução. Em 1996, a escultura foi implantada na Praça Presidente Getúlio Vargas. Porém, em 1997, foi levada para o jardim da Câmara Municipal de Paraisópolis. Nesse mesmo ano, a escultura foi colocada sobre uma base de cimento. Após o término das obras do Centro Educacional e Cultural Amílcar de Castro, em 2004, a peça foi transferida para sua Praça, onde está implantada em local mais apropriado e definitivo. No final de maio do ano de 2009, ela foi girada 180 graus.

Além deste exímio trabalho, em Paraisópolis há também as mini esculturas do artista que são formadas por chapas únicas de aço, com aproximadamente 1,4 mm de espessura, cortadas manualmente e dobradas. Seguem formas geométricas e partir de círculos e retângulos, com cortes internos em linha reta. Os materiais apresentam oxidação, uma característica proposital das obras deste artista multifacetado.

GRAVURAS DE AMÍLCAR

As doze gravuras impressas, doadas por Amílcar, estão projetadas em papel por meio da técnica da litografia e são compostas por formas abstratas com composições geométricas que, em algumas peças, constituem-se de uma composição monocromática em preto, com pequenas variações em dois tons ou com a utilização de um único tom, e, em outras peças, são realizadas composições com duas cores, sendo uma o preto e a outra um tom colorido de alto contraste, tendo, geralmente, baixa saturação e alto brilho. As peças encontram-se emolduradas em base de madeira cobertas por vidro comum.

De acordo com a professora Mônica Zielinky, “a gravura constitui uma prática de produção de imagens que nos leva a interrogar, especialmente nos dias atuais, diversos ângulos da concepção de arte. Contemplar, por exemplo, uma litografia de um Amílcar de Castro, faz-nos ir muito além da simples percepção retiniana que os traços espontâneos gerados na matriz deixam-nos entrever. Entre eles, em algumas manchas que se diluem sobre o papel, estão latentes questões sobre a especificidade técnica, sobre o meio (médium) da arte, sobre o processo percorrido pelo artista (aspectros que remetem à premeditação e ao acaso, às marcas e ocultamentos), o tempo de gravar, o próprio conceito de autoria, sobre o emprego do corpo e do gesto, entre tantas outras. E nesse sentido, oferecem-se diferentes perspectivas de valorização deste tipo de produção: ou o resultados são privilegiados, destacando-se seus efeitos para considerar a qualidade da obra, a excelência das propriedades técnicas de seu médium como obstinadamente defendeu Clement Grenberg durante mais de três décadas de arte moderna; ou desloca-se o foco ao que os artistas contemporâneos propõem sobre o fazer artístico, através de seu próprio trabalho, ao questionarem os suportes tradicionais da gravura, os lugares de sua exposição, a sua fusão com outros meios, o conceito de original, enfim, diversos dos caminhos que vão muito além da técnica em si mesma” (ZIELINSKY, 2001).

AMÍLCAR NAS ESCOLAS

Anualmente, entre os dias 8 e 14 de junho, é realizada, no município de Paraisópolis, a Semana Cultural Amílcar de Castro, em que as escolas planejam aulas para seus alunos sobre vida e obra do autor e promovem concursos de redação e trabalhos manuais com protótipos das esculturas de Amílcar.

VISITAÇÕES ÀS OBRAS

As gravuras e as pequenas esculturas de Amílcar de Castro, estão disponíveis para serem visitadas no Paço Municipal, na Praça Centenário, de segunda à sexta-feira, das 08h às 17h. A escultura em formato maior, está disponível na Praça do Centro Educacional e Cultural “Amílcar de Castro”, onde funcionava a Estação Ferroviária.

Adaptação textual: Gabriel Couto – Auxiliar de Lazer, Cultura e Turismo Imagens: Gabriel Couto

Referência Bibliográfica:
– REDE CIDADE (2012) – ARQUITETURA, URBANISMO E PATRIMÔNIO CULTURAL. Disponível em “Inventário de Proteção do Patrimônio Cultural do Município de Paraisópolis/MG”

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